A estante do Sociofilo conta com diferentes tipos de textos produzidos pelos integrantes do grupo.
No item biblioteca o visitante encontrará os livros que fazem parte da Biblioteca do Sociofilo na editora Annablume. Caso tenha interesse em adquirir algum item basta clicar no link e será redirecionado para o site da editora.
No item teses e dissertações se encontram descrições resumidas com os arquivos em formato pdf para download das dissertações de mestrado e teses de doutorado dos sociofellows.
Nos itens Cadernos e Novos Cadernos o leitor interessado encontrará nossa produção artesanal de dossiês temáticos, o primeiro em formato de revista e o segundo em formato de e-book, ambos disponíveis para download gratuito em nosso site.

Biblioteca
A biblioteca do Sociofilo na AnnaBlume se atribui como missão primordial publicar textos inovadores e ambiciosos de jovens cientistas sociais talentosos, contribuindo, assim espera-se, para uma renovação significativa das ciências sociais brasileiras. A política é de abertura e passa por uma redefinição de fronteiras disciplinares.
Acolhemos dois tipos de textos. De um lado, textos teóricos sólidos, mais “alemães”, situados na fronteira da sociologia e da filosofia, que tratam dos fundamentos das ciências sociais; dialogam com as vertentes mais recentes da teoria social contemporânea ou apresentam uma reflexão sobre a "ontologia do presente". De outro lado, pesquisas microssociológicas e etnografias ousadas, mais “francesas”, de cunho fenomenológico, etnometodológico, pragmatista ou neomonadológico, situadas na fronteira entre a sociologia e a antropologia, que aplicam grandes teorias para entender pequenas situações de ação; explicitam o pano de fundo cultural das práticas ou tentam interpretar as crises existenciais que perpassam uma vida.
Além desses textos de meta- e de microssociologia, também trabalhamos com traduções de textos representativos e entrevistas de grandes autores estrangeiros (tais como Jeffrey Alexander, David Le Breton, Alain Caillé e Bernard Lahire) que estão na ponta do debate internacional nas ciências sociais.

Pierre Rosanvallon
"É a democracia como forma de sociedade, e não somente como regime político, que é preciso hoje refundar. É nessa perspectiva que o projeto de uma democracia narrativa ganha todo sentido: ela é a condição para constituir uma sociedade de indivíduos plenamente iguais em dignidade, igualmente reconhecidos e considerados, e que possam verdadeiramente formar uma sociedade comum.” [P.R.]
Esse livro é um manifesto social, político e moral em prol do povo. Entre a filosofia política, a sociologia e a história, defende a representação plena de todos e de cada um num parlamento sem invisíveis. Faz parte do projeto Contar a vida (Raconter la vie), que anseia abrir um espaço de experimentação social e política, bem como intelectual e literária. Pierre Rosanvallon, historiador, é titular da cátedra de História Moderna e Contemporânea do Político no Collège de France e autor de Por uma história do político, entre outros livros.

Frédéric Vandenberghe
Pós-humanismo, ou a lógica cultural do capitalismo global, escrito originalmente em 2001, analisa a globalização como a convergência de três revoluções em uma. Desde então, a sinergia entre as revoluções neoliberal, cibernética e biotecnológica se tornou ainda mais poderosa. Com o foco na biotecnologia, o ensaio oferece uma crítica virulenta do neo-vitalismo tecnológico, quer dizer de todas as teorias futuristas e tecnocapitalistas de obediência nietzschiana, deleuziana e latouriana que buscam a superar a nossa humanitude e preconizam a hibridização artificial da natureza (natural, animal e humana).
O livro apresenta uma atualização das teorias da reificação na era da reprodução tecnologicamente ampliada. Com efeito, o texto constitui a última contribuição de Vandenberghe para a ciência melancólica. “Desde então, andei procurando por uma saída – indissociavelmente teórica, social e pessoal. Não sei se por efeito de uma mudança de país, mas o fato é que minha transição da hipercrítica (Escola de Frankfurt, Bourdieu, Foucault) para a reconstrução coincide mais ou menos com minha chegada ao Brasil”.
Apresentamos a seguir as teses e dissertações defendidas pelos sociofellows ao longo dos anos.
Você encontrará título, autor e um pequeno resumo que descreve o que foi feito no respectivo trabalho acadêmico.
Os arquivos se encontram disponíveis para download.
Por uma teoria social cosmopolita: modernização, mundialização/globalização e entendimento intercultural
Estevão Mota Gomes Ribas Lima Bosco
2016
A contribuição geral deste estudo circunscreve a compreensão sociológica da mundialização/globalização. Seu domínio de objeto é definido pela resignificação sociológica da ideia filosófica de cosmopolitismo, com especial ênfase na teoria da modernização. Neste contexto, os programas de Jürgen Habermas, Ulrich Beck e as versões pós/des-coloniais de cosmopolitismo são centrais. O estudo apresenta duas teses. A tese descritiva sustenta que, na sociologia, o cosmopolitismo comporta três esferas de sentido – como fenômeno no mundo, como fundação teórica e metodológica experimental e como projeto político. Por sua vez, a tese teórica sustenta que o modelo de modernização como racionalização social não nos permite compreender a mundialização/globalização e a cosmopolitização. Introduz-se então um conceito de modernização bidimensional: por um lado, constituído pela pressuposição metateórica de dedução do todo pela parte, o entendimento mútuo concebido comunicativamente, a evolução social e a modernização como racionalização social; por outro, pela pressuposição metateórica de dedução do todo pela relação entre as partes, o entendimento intercultural concebido hermeneuticamente, a coevolução cultural e a modernização como mundialização/globalização. Por fim, vincula-se essa segunda dimensão ao cosmopolitismo mediante a derivação de aspectos político-normativos, distribuídos em três ordens de orientação da ação – uma primeira dialógico-normativa, uma segunda jurídica e uma terceira política. A estratégia metodológica utilizada é a reconstrução.
Teses e
dissertações
Situando a biologia: de biologias locais à epigenética
Maria Luiza
Ghizi Assad
2016
A proposta desse trabalho foi apresentar como a própria matéria biológica do corpo é contextualizada em meio às ciências sociais e às ciências biológicas; mais especificamente, através da concepção de biologias locais, proposta pela antropóloga Margaret Lock, e do campo da epigenética, possível representante de novo estilo de pensamento na biologia. Através de uma revisão de sua literatura, o intuito foi observar como a materialidade do corpo é situada por ambos os enfoques; como é elaborada uma visão acerca da contingência do corpo humano, em contraste a um caráter quase universal ou a priori atribuído aos processos biológicos, que ajuda a isolá-lo de seus ambientes materiais e sociais. Essa síntese sobre a contextualização da biologia atenta ao caráter temporal que a atravessa, devido aos questionamentos sobre os limites de uma hereditariedade biológica que, se primeiro ajudou a isolar os fundamentos biológicos do corpo, agora parece indicar sua permeabilidade.
Discurso sociológico da modernidade
Marcos Aurélio Lacerda da Silva
2015
O que se pretendeu nesta tese foi apresentar uma arqueologia da sociologia, tendo como objeto principal de análise aquilo que chamaremos de seu “discurso”, o discurso sociológico da modernidade, procurando mostrar o vínculo substancial da sociologia com a episteme da modernidade, especialmente na figura do homem duplo empírico-transcendental: a sociologia seria, assim, uma derivação da episteme da modernidade e o conceito de sociedade, realidade social e as diversas teorias da simultaneidade “estrutura” e “agência”, seriam a versão sociológica do homem duplo empírico-transcendental, objeto e fundamento do saber ao mesmo tempo. No final, tratamos das implicações da perda da desfiguração da episteme da modernidade para a sociologia: com a “morte do homem” podemos pensar também no “fim da sociedade”, na medida em que a sociedade é uma derivação do homem duplo-empírico transcendental?
“Crescer na vida”: trajetórias de micromobilidade nos meios populares
Thiago Panica Pontes
2015
Esta investigação sociológica tem como foco a reconstrução de trajetórias de (micro)mobilidade no seio das classes populares, e de suas fronteiras, do ponto de vista de seus horizontes ascensionais. Estes horizontes são pressupostos e tacitamente inscritos em seus projetos socioeconômicos, em outras palavras, na concatenação vivida de suas aspirações, anseios, expectativas, motivações, planos e ações relativos precisamente a sua (nova) condição. Nossa hipótese de trabalho está em que a compreensão destas orientações de conduta – tanto em seu aspecto ‘objetivo’ quanto ‘subjetivo’ – demanda naquilo que possuem de mais fundamental a consideração de sua multideterminação existencial. Isso significa que as condições de existência compartilhadas por uma classe se refratam nas trajetórias em questão moduladas por um conjunto de mediações socializante-experienciais pelas quais elas são vivenciadas numa paisagem particular, conformando assim um complexo de experiências que é, para todos e cada um de seus integrantes, simultaneamente geral e singular. Tendo então estabelecido os parâmetros para uma sociogênese ascensional-popular que não se reduza nem a um objetivismo “miserabilista” (dada aquela multideterminação existencial assim como o modo singular como cada agente vivencia a generalidade de sua condição), tampouco a um subjetivismo “populista” (na medida em que perscrutamos suas condições histórico-estruturais de possibilidade), examinamos no que consistem tais projetos, suas linhas de experiência constitutivas, assim como suas implicações societárias mais amplas.
Para uma sociologia das visões de mundo: esboço de uma teoria praxiológica da cultura
Rodrigo Vieira de Assis
2015
Esta dissertação se configura pela inserção da abordagem sociológica do conhecimento e da cultura na praxiologia e pela incorporação da teoria das práticas na sociologia do conhecimento e da cultura. A inserção da discussão aqui apresentada no seio dessas subáreas da sociologia emerge da tentativa de conciliar algumas das suas contribuições fundamentais que, ao nosso juízo, podem nos levar a uma melhor compreensão do modo pelo qual os indivíduos veem, interpretam e agem na vida social. Para isso, o problema da percepção que os indivíduos têm do mundo social e o processo de aquisição das disposições que operam na constituição das práticas são percebidos como dois lados de uma mesma moeda, qual seja, do processo de produção social de um sentido para a existência em sociedade. Assim, as diferentes perspectivas sociológicas aqui discutidas e mobilizadas são vistas como importantes contribuições para este fim: são percebidas enquanto recursos necessários à edificação das bases a partir das quais o problema da significação do mundo social pode ser apresentado como produto de uma continua luta entre grupos portadores de concepções distintas da realidade. Dessa forma, apresentamos, nesta dissertação, os fundamentos teórico-metodológicos necessários à fundamentação de uma sociologia das visões de mundo. Para isso, por um lado, apropriamo-nos das contribuições teóricas da sociologia da cultura e do conhecimento proposta por Karl Mannheim e, por outro lado, dialogamos com a praxiologia desenvolvida por Pierre Bourdieu, buscando, respectivamente, tomar a cultura como espaço privilegiado para a objetivação das visões de mundo e para a compreensão do estabelecimento de relação espontânea entre os indivíduos e as condições sociais de existência em que se situam. Mesmo nos limitando à discussão em nível teórico, nosso intuito é compreender a visão de mundo do indivíduo real, que vive em uma dada cultura e em uma dada sociedade, considerando, para tanto, o seu estilo de pensamento como mecanismo explicativo da lógica das suas tomadas de posição em situações de interação social. Assim, esta dissertação deve ser lida como um preâmbulo teórico para futuras investigações empíricas sobre os conflitos contemporâneos entre grupos e indivíduos portadores de visões de mundo distintas e distintivas entre si, que requerem, antes de tudo, a preparação de um quadro conceitual capaz de sustentar uma praxiologia da cultura cuja condição de possibilidade se apresenta no cruzamento entre teoria e empiria. É com este objetivo que este trabalho se realiza.